O Papa Francisco, morto aos 88 anos nesta segunda-feira (21), teve o Brasil como seu primeiro destino internacional após ser eleito líder da Igreja Católica. Apenas 131 dias após assumir o Trono de São Pedro, o pontífice desembarcou no Rio de Janeiro para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento que reuniu milhões de fiéis de diversas partes do mundo.

A visita do primeiro Papa latino-americano ao maior país católico do mundo foi carregada de simbolismo e marcou sua liderança com um tom de simplicidade, proximidade com os fiéis e apelo por justiça social. Além de participar de eventos oficiais da Igreja, Francisco rompeu protocolos, circulou entre os peregrinos, visitou comunidades carentes e abordou temas como corrupção e desigualdade.

Francisco desembarcou no Aeroporto do Galeão, no dia 22 de julho de 2013, onde foi recebido pela então presidente Dilma Rousseff, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito da cidade, Eduardo Paes. Já em seu primeiro discurso, no Palácio da Guanabara, o Papa destacou o carinho pelo país: “Deus quis que minha primeira viagem fosse ao Brasil”.

No trajeto até o centro da cidade, um erro no esquema de trânsito fez com que o carro do Papa ficasse preso em um engarrafamento na Avenida Presidente Vargas, permitindo que fiéis se aproximassem e tocassem no pontífice. A quebra de protocolos marcou toda sua visita, reforçando sua postura de proximidade com o povo.

Visita a Aparecida e compromisso social
No segundo dia, Francisco seguiu para Aparecida do Norte (SP), onde reuniu cerca de 200 mil pessoas em uma missa que abordou o risco do fascínio pelo dinheiro, poder e prazer. Após retornar ao Rio, visitou o Hospital São Francisco de Assis, onde inaugurou uma ala para o tratamento de dependentes químicos, reforçando sua preocupação com os mais vulneráveis.

Um dos momentos mais marcantes da JMJ aconteceu no terceiro dia da visita, quando o Papa foi à Favela da Varginha, na comunidade de Manguinhos. Em meio a moradores, Francisco discursou sobre desigualdade social e solidariedade, incentivando os jovens a não desistirem de lutar por um mundo mais justo.

Ainda nesse dia, participou da missa de abertura da JMJ em Copacabana, onde foi recebido por milhares de peregrinos e percorreu a avenida beijando bebês e acenando para a multidão.

Na Quinta da Boa Vista, o Papa ouviu confissões de jovens, enquanto, no Palácio São Joaquim, encontrou-se com detentos. Durante a Via Sacra em Copacabana, Francisco fez referência aos protestos de junho de 2013 e à tragédia da Boate Kiss, pedindo oração para as 242 vítimas do incêndio em Santa Maria (RS).

O encerramento da JMJ e o impacto da visita
No dia 28 de julho, último dia da Jornada Mundial da Juventude, Francisco celebrou a Missa de Envio em Copacabana, diante de quase 3 milhões de pessoas. Em sua homilia, defendeu uma Igreja mais aberta ao diálogo com as bases e as novas gerações, antecipando os debates que marcariam seu pontificado.

Além de fortalecer a fé da juventude católica, a visita de Francisco reforçou a necessidade de mudanças dentro da Igreja e consolidou sua imagem como um Papa voltado para os mais pobres e excluídos. O evento também teve grande impacto para o Brasil, sendo a maior movimentação turística da história até aquele momento, com 355 mil peregrinos estrangeiros e mais de 220 mil brasileiros viajando ao Rio de Janeiro.

A JMJ no Brasil marcou o início de um pontificado de transformações, no qual Francisco buscou uma Igreja mais humana, inclusiva e voltada para os desafios sociais do século XXI.