Economia
Economia
A eleição de Donald Trump como próximo presidente dos Estados Unidos, superando as previsões iniciais das pesquisas, gerou um momento de incerteza nos mercados financeiros. Segundo o economista-chefe do BTG Pactual, o cearense Mansueto Almeida, a vitória republicana, combinada com o controle do Senado e a possível maioria na Câmara dos Deputados, traz preocupações sobre as promessas de política econômica de Trump.
Entre as medidas que mais alarmam o mercado, Mansueto destacou as tarifas prometidas para importações do México, China e Europa, ações que podem gerar um cenário inflacionário. “O governo Trump, com o controle do Congresso, assusta o mercado financeiro porque, ao pé da letra, ele prometeu aumento de tarifas em importações. Isso é um cenário mais inflacionário”, comentou durante evento em São Paulo.
A lista de promessas inclui ainda a deportação de 3 milhões de imigrantes sem documentos, além de cortes de impostos corporativos e aumento de gastos públicos. Tais ações, se concretizadas, têm potencial de elevar a inflação nos Estados Unidos. “Inflação maior nos Estados Unidos significa juros mais altos, o que impacta a moeda de todos os países emergentes, inclusive o Brasil”, explicou o economista.
A mudança no cenário político americano intensifica a pressão sobre o governo brasileiro, que se prepara para anunciar novas medidas de contenção de gastos. Segundo Mansueto, para minimizar os impactos da incerteza internacional, o Brasil deve focar na transparência e no compromisso com o arcabouço fiscal. “O anúncio de medidas de controle de gastos seria uma resposta importante para reduzir o impacto de incertezas no mercado brasileiro”, afirmou.
O governo de Lula, ao se comprometer com o novo arcabouço fiscal criado e sancionado no ano passado, pretende enviar uma mensagem de estabilidade ao mercado. Para Mansueto, uma mudança estrutural no controle das despesas obrigatórias pode ajudar a fortalecer a confiança no cenário local e abrir espaço para uma queda gradual da taxa de juros a partir do terceiro trimestre de 2025.
Perspectivas para a economia brasileira
Com uma economia projetada para crescer acima de 3% e uma taxa de desemprego de 6,8%, o Brasil ainda enfrenta desafios. A expectativa do mercado é que a Selic, atualmente em 10,75%, possa chegar a 11,75% até o final de 2024. No entanto, Mansueto Almeida acredita que, se o governo brasileiro demonstrar comprometimento com o ajuste fiscal e reduzir os “ruídos” na política, poderá criar um ambiente para a redução dos juros e maior crescimento no segundo semestre de 2025.
“A partir de uma possível queda na expectativa de inflação, o Banco Central poderia começar a cortar a taxa de juros, criando um ambiente mais favorável para investimentos e crescimento econômico no país”, afirmou o economista.
No longo prazo, o economista vê a possibilidade de que, com o compromisso do governo e as medidas de contenção de gastos, o Brasil possa entrar em 2026 com os juros em um dígito e um cenário mais positivo para atração de investimentos.