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Venezuela fecha embaixadas na Noruega e na Austrália e abre novas representações na África

Medida ocorre após tensão com os Estados Unidos e visa fortalecer laços com países aliados como Burkina Faso e Zimbábue.
Venezuela fecha embaixadas
Ao mesmo tempo, a Venezuela abrirá novas representações diplomáticas em Burkina Faso e Zimbábue, países aliados da Rússia. (Foto: Leonardo Fernández)

O governo da Venezuela informou nesta segunda-feira (13) que encerrará suas embaixadas na Noruega e na Austrália, ao mesmo tempo em que abrirá novas representações diplomáticas em Burkina Faso e no Zimbábue.

De acordo com comunicado oficial, a decisão integra uma “redistribuição estratégica de recursos” do Ministério das Relações Exteriores, como parte de uma reestruturação mais ampla de seu corpo diplomático. O governo do presidente Nicolás Maduro afirmou que os serviços consulares aos cidadãos venezuelanos na Noruega e na Austrália continuarão a ser prestados por outras missões diplomáticas, cujos detalhes serão divulgados nos próximos dias.

Rompimento ocorre após críticas e prêmio Nobel à oposição

O anúncio do fechamento das embaixadas ocorreu poucos dias depois de a líder da oposição venezuelana María Corina Machado receber o Prêmio Nobel da Paz de 2025, concedido pelo Comitê do Nobel em Oslo, por sua luta pela democracia na Venezuela.

Machado dedicou o prêmio ao presidente Donald Trump, o que aumentou as tensões diplomáticas entre Caracas e Washington. O Ministério das Relações Exteriores da Noruega confirmou que foi notificado do encerramento da embaixada venezuelana, mas não informou o motivo da decisão.

“Isso é lamentável. Apesar de termos pontos de vista diferentes sobre várias questões, a Noruega deseja manter o diálogo com a Venezuela aberto”, afirmou um porta-voz do Ministério norueguês à agência Reuters.

O Comitê do Nobel, por sua vez, disse que a decisão de Caracas não afeta suas atividades. “Para o comitê, a tarefa em questão é selecionar o ganhador certo do Prêmio Nobel da Paz. E María Corina Machado é certamente uma vencedora digna”, declarou o secretário Kristian Berg Harpviken.

Maduro fortalece alianças com países africanos e próximos à Rússia

O governo venezuelano informou que a abertura das novas embaixadas em Burkina Faso e no Zimbábue tem como objetivo reforçar parcerias com “nações irmãs, aliadas estratégicas na luta anticolonial e na resistência contra as pressões hegemônicas”.

Segundo Caracas, as novas representações diplomáticas servirão para impulsionar projetos conjuntos nas áreas de agricultura, energia, mineração, educação e tecnologia. Ambos os países africanos mantêm relações estreitas com a Rússia, que tem sido uma das principais defensoras da Venezuela no Conselho de Segurança da ONU, criticando o que chama de “ações unilaterais dos EUA”.

Crise diplomática e acusação de ameaça militar

A medida ocorre em meio a semanas de tensão crescente entre Caracas e Washington, após os Estados Unidos acusarem o governo venezuelano de envolvimento em tráfico de drogas no Caribe. Em resposta, a Venezuela denunciou ataques militares de navios norte-americanos em suas águas e afirmou que “é racional esperar um ataque armado no curto prazo”.

O governo dos EUA não respondeu oficialmente à acusação, mas classificou Nicolás Maduro como “chefe ilegítimo de um narcoestado” e anunciou a criação de uma força-tarefa antidrogas no Comando Sul, com atuação voltada à América Latina.

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