Na última reunião do COPOM (Conselho de Política Monetária) do Banco Central, ocorrida no dia 07 de maio, houve a decisão por aumentar a taxa básica referencial, a Selic para 14,75% a.a., o que já deixou o mercado interrogativo, pois este movimento provoca uma alteração em praticamente todos os ativos financeiros do nosso país. Muitos se questionam sobre como isso vai impactar no seu próprio bolso.
Vamos tentar fazer uma explicação superficial sobre alguns conceitos para nos ajudar a entender quais os reflexos deste aumento:
Qual é a dinâmica da Taxa Selic?
A Taxa Selic serve de base para a construção de todas as taxas de juros do nossos sistema econômico, como as de financiamentos de veículos, empréstimos para pessoas físicas e retornos de aplicações financeiras.
De uma maneira mais intuitiva, quando a taxa Selic sofre um aumento, todos as outras taxas de juros também sobem. De sorte que, quando mesma vem a cair, as demais também, reduzindo assim o custo de aquisição de financiamentos, empréstimos e retornos sobre alguns investimentos.
O Banco Central tem a taxa Selic como a sua principal ferramenta da política monetária, a qual é utilizada para alcançar o equilíbrio dos preços na economia.
Já que falamos de Política Monetária, vamos explicar o que ela vem a ser:
Política Monetária é o conjunto de ações desencadeadas pelo Banco Central, com o objetivo de controlar a quantidade de dinheiro em circulação, por intermédio de ajustes no seu custo de aquisição.
Podemos dizer então que a Política Monetária tem relação direta com o comportamento dos preços na economia – Inflação.
Classificamos a Política Monetária como:
Sistema de Metas de Inflação
No nosso país, assim como em outros países, nossa política monetária segue o sistema de metas de inflação, que tem como objetivo controlar as oscilações de preços de bens e serviços.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão responsável por definir a Meta da Inflação, e o mesmo é composto pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, além do presidente do Banco Central.
Mas afinal, por que a Selic sobe?
De uma maneira simples, quando a inflação meta está abaixo da sua meta pré-estabelecida pelo CMN, o Banco Central reduz a Selic, pois com isso os demais juros cairão, tornando o crédito mais barato, o que promove o aumento do consumo, aquecendo assim a economia, isso faz aumentar a pressão sobre os preços dos bens e dos serviços, promovendo a inflação.
Ao contrário, quando temos a inflação acima da meta, o Banco Central aumenta a Selic, proporcionando a redução da pressão sobre os preços, tendendo a retornar a inflação de volta para a linha da meta, ou seja, fazendo o movimento inverso à redução da Selic.
Como acontece na prática?
O juros mais elevados acabam por controlar a alta de preços de algumas formas, as quais denominamos de CANAIS DE TRANSMISSÃO DA POLÍTICA MONETÁRIA. Vamos citar aqui apenas 3 canais pelos quais os juros controlam os preços:
E por que a Selic está no ciclo de alta?
Nossa economia está deveras aquecida, com inflação em alta e inúmeras incertezas fiscais, o que acaba por pressionar a demanda por bens e serviços. Somados ao fato de estarmos com um câmbio sendo pressionado com expectativa de aumento inflacionário. Tais motivos nos levam a crer que os juros devem permanecer acima do seu patamar neutro.
O que podemos aguardar sobre os investimentos?
Vamos ver a seguir o que o ciclo de alta da Selic poderá proporcionar aos investimentos:
A – A alta da Selic sobre a Renda Fixa
Estes apontam como principais opções, sendo mais favorecidos os pós-fixados, pois tendem a ter uma relação direta com a alta de juros.
B – Títulos atrelados à inflação
Esta modalidade, onde podemos colocar como exemplo o Tesouro IPCA+, podem também ser atrativos, porém de uma outra forma. Tais papéis garantem retorno real, pois pagam juros adicionados à variação da inflação. O investidor sempre terá um ganho acima da inflação.
Comparando estes com os pós-fixados, o Tesouro IPCA+ protege o investidor contra a perda do poder aquisitivo.
C – Pré-Fixados
Requerem mais cuidado, pois oferecem uma taxa de retorno fixa desde o momento de compra. Independentemente do que ocorrer com a Selic, o rendimento até p vencimento já está definido.
Reflexo da alta da Selic sobre a Bolsa
O impacto desta elevação da Selic sobre o mercado de ações tenderá a ser negativo, pois terá impactos sobre o valor das empresas e sobre o comportamento dos investidores.
Vamos observar alguns pontos:
Tais explicações irão reforçar o que precisamos entender sobre as nossas oscilações econômicas provocadas pelo movimento de alta da Selic.