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O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, negou nesta quinta-feira (24) ter determinado blitzes ilegais no Nordeste com o intuito de impedir o deslocamento de eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições de 2022. Ele prestou depoimento à Justiça como réu no núcleo 2 da ação penal da trama golpista, sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Durante a audiência conduzida pelo juiz auxiliar Rafael Tamai, Vasques afirmou que as operações da PRF tinham como foco coibir crimes eleitorais, como o transporte irregular de eleitores e possíveis bloqueios de rodovias em todo o país, e não apenas no Nordeste.
Segundo ele, não houve qualquer orientação do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, também réu no processo, para a realização de medidas ilegais. “Tudo que a gente recebeu de determinação, eu entendi que a gente deveria acatar”, afirmou Vasques. Ele ainda declarou não ter enxergado ilegalidade nas falas do então ministro.
Segundo a investigação, o efetivo da PRF no dia 30 de outubro de 2022 foi maior na Região Nordeste do que em qualquer outra parte do país. Foram empregados 795 agentes, número superior ao registrado no Sudeste (528), Sul (418), Centro-Oeste (381) e Norte (230).
Além disso, a fiscalização de ônibus no Nordeste somou 2.185 veículos, mais que o dobro do volume registrado nas demais regiões. No Norte, foram 310 veículos parados; no Sudeste, 571; no Sul, 632; e no Centro-Oeste, 893.
Os dados levantados pelo Ministério Público Federal sustentam a tese de que houve direcionamento das operações para prejudicar o eleitorado de Lula, que obteve larga vantagem no Nordeste.
A audiência com os réus do núcleo 2 é uma das etapas finais da ação penal conduzida pelo Supremo Tribunal Federal. A expectativa é que o julgamento seja realizado no segundo semestre de 2025, após a entrega das alegações finais.
O núcleo 1, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados, já teve os interrogatórios concluídos e deve ser julgado até setembro, conforme informado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em sua denúncia, dividida em quatro núcleos distintos.