Mas afinal…o que é a rejeição?
Em duas situações que eu vivi em meus dois casamentos, meus parceiros de vida, aqueles que eu havia escolhido (em momentos distintos, claro) para dividir a jornada da vida e serem pais dos meus dois filhos, em um certo dia viraram pra mim e disseram: “quero o divórcio”, “nós nos desconectamos”.
Em uma hora como essa, jamais pensamos que se trata de algum problema que o outro esteja enfrentando, mas transferimos para nós toda a culpa e responsabilidade pela situação: o que eu fiz? Eu fui insuficiente? Onde errei? Como posso reparar meu erro? Fui a mulher errada? Como posso provar que posso ser melhor para você?
E é justamente aí, nesse emaranhado de perguntas que ficam sem respostas, que nos perdemos…tentando nos encontrar. Das relações, eu sempre fui aquela que tentou consertar. E sempre fui aquela que foi deixada para trás. O sentimento de rejeição me quebrou por dentro. Como se não bastasse, me jogou em um buraco que parecia não ter fim. Por fora eu sorria, por dentro eu sangrava. Mas foi nesse lugar de dor que eu também encontrei um novo começo e renasci. A rejeição me fez olhar pra mim e me fez ser inteira PRA MIM. Entendi que quando alguém vai embora, existe um espaço que fica, por um bom tempo, vazio. Mas é lá no vazio onde a gente se reencontra, se refaz e se redescobre. A rejeição não fala sobre a sua falta de valor, mas sobre o limite do outro em permanecer. É nesse espaço vazio que se aprende que amor não se implora. E que é possível se escolher todos os dias em busca desse amor tão verdadeiro e que pode ser ressignificado e encontrado de diversas formas: no sorriso dos filhos, nos novos desafios da profissão, no sorvete acompanhada dos amigos, no banho de mar, na vista do sol se pondo, como se esses momentos quisessem nos mostrar: “ei, tudo que morre pode renascer de outro jeito, de outras formas”.
A vida não é um morango – já diziam…
Ela pode ser amarga. Mas o que seria do doce se não fosse o amargo? Da claridade, se não fosse a escuridão? Do bom, se não fosse o ruim? Dos dias fáceis, se não fossem os difíceis? Os opostos estão aí pra nos ensinar a olhar as situações por outro lado. Porque nem sempre a vida é como enxergamos naquele momento.
Que gente possa se desvincular desse olhar rígido que formamos a partir da nossa visão de mundo, dos nossos sentimentos e de como entendemos a vida. Que possamos ser mais leves.
A rejeição não define quem você é. E quem te deixa, não tá desistindo de você. A pessoa desiste é de quem ela deveria se tornar pra merecer estar ao seu lado.
SARADAS