Economia
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O preço do café deve sofrer um novo reajuste nos próximos dias, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). Em coletiva realizada nesta quarta-feira (24), em São Paulo, o presidente da entidade, Pavel Cardoso, afirmou que o aumento pode variar entre 10% e 15%, com repasse imediato aos supermercados devido à alta no custo da matéria-prima.
De acordo com o diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio da Silva, o setor já havia comunicado os novos preços ao varejo no início de setembro. “Como o varejo só foi às compras a partir do dia 15, acreditamos que o repasse chegue às prateleiras na próxima semana ou no início do mês”, explicou.
O cenário de aumentos tem afetado diretamente o mercado consumidor. Entre janeiro e agosto de 2025, houve queda de 5,41% nas vendas de café no Brasil, com retração de 10,11 milhões para 9,56 milhões de sacas. Produtos como o café solúvel tiveram alta acumulada de até 50,59% no ano.
Mesmo com a retração, a Abic acredita que o consumo poderá se recuperar até o fim de 2025. “Os dados de setembro nos levam a crer que teremos um comportamento surpreendente no fechamento do ano”, projetou Cardoso.
Além da variação de preços no mercado interno, a indústria acompanha os desdobramentos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O café, apesar de não ser produzido em larga escala no país norte-americano, está em análise dentro da ordem executiva publicada em 6 de setembro.
Segundo Cardoso, há expectativa de que o grão fique isento das sobretaxas. “A leitura que fizemos é que não haverá tarifas, já que os Estados Unidos não produzem café em escala, apenas pequenas lavouras no Havaí e em Porto Rico”, explicou.
A Abic também vê como positiva a possibilidade de reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o norte-americano Donald Trump, na próxima semana, para tratar do tema.
Apesar das incertezas internas, o mercado internacional registrou queda nos preços. Um levantamento do Cepea/Esalq/USP, divulgado nesta quarta-feira (24), mostrou que, entre 15 e 22 de setembro, o café arábica caiu 10,2% em São Paulo, enquanto o robusta recuou 11,1%.
Segundo o estudo, o recuo foi motivado pela expectativa de chuvas mais intensas nas regiões produtoras, realização de lucros e liquidação de posições na Bolsa de Nova York (ICE Futures), além da possibilidade de retirada das tarifas norte-americanas.