Ronnie Lessa classifica réus no caso Marielle Franco como “pessoas de alta periculosidade”

Ex-PM presta depoimento na ação penal contra irmãos Brazão e outros acusados, revelando detalhes sobre o planejamento do crime.

Da Redação
28/08/24 • 15h04

O depoimento de Ronnie Lessa continua nesta quarta-feira (28). (Foto: Mídia Ninja)

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (27), o ex-policial militar Ronnie Lessa, réu confesso no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, descreveu os acusados de serem mandantes do crime como “pessoas de alta periculosidade”. Lessa prestou depoimento por videoconferência, detalhando o envolvimento dos irmãos Brazão e outros réus no planejamento da execução.

O depoimento de Ronnie Lessa ocorreu de forma virtual, a partir da penitenciária do Tremembé, em São Paulo, onde ele está preso. Durante a audiência, conduzida pelo juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, Lessa fez declarações contundentes sobre os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, além de outros envolvidos, como o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa e o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira.

Segundo Lessa, os irmãos Brazão teriam afirmado que Marielle Franco era “uma pedra no caminho” dos seus negócios de loteamento ilegal na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele relatou que os acusados mencionaram que Marielle “vai arrumar problema, vai combater os condomínios” e que a situação “pioraria” quando ela soubesse que os empreendimentos eram controlados por eles.

Lessa também afirmou que Domingos e Chiquinho Brazão tinham grande influência na Polícia Civil do Rio e mencionaram que “tinham a polícia na mão”. O ex-policial revelou que os irmãos Brazão demonstravam um “respeito diferenciado” ao mencionar Rivaldo Barbosa, sugerindo uma possível relação de poder e influência entre os envolvidos.

Durante o depoimento, Lessa se emocionou ao relatar um episódio em que quase foi morto durante um assalto no Rio de Janeiro, no qual levou um tiro de raspão no pescoço. Ele também expressou arrependimento por seu envolvimento no crime, afirmando que foi motivado por “ganância”. Lessa revelou que aceitou realizar o assassinato de Marielle Franco após os irmãos Brazão lhe oferecerem vantagens, como dois terrenos avaliados em R$ 25 milhões.

O depoimento de Ronnie Lessa foi suspenso e será retomado nesta quarta-feira (28). O processo envolve a oitiva de cerca de 70 testemunhas antes que os réus, incluindo os irmãos Brazão, prestem seus depoimentos.