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O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou nesta terça-feira (22) esperar que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceite integralmente a denúncia apresentada contra o chamado Núcleo 2 da trama golpista que resultou nos atos de 8 de janeiro de 2023. O julgamento vai decidir se seis acusados do grupo se tornarão réus.
Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), os integrantes do núcleo participaram da formulação de estratégias e ações operacionais com o objetivo de abolir violentamente o Estado democrático de direito e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Estão entre os acusados: o delegado da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira, o ex-assessor presidencial Filipe Martins, o coronel da reserva Marcelo Câmara, a delegada da PF Marília Alencar, o general da reserva Mário Fernandes e o ex-diretor da PRF Silvinei Vasques.
Entre as condutas atribuídas aos denunciados estão a elaboração da minuta do golpe, o monitoramento de autoridades públicas, como o ministro Alexandre de Moraes, e a atuação da Polícia Rodoviária Federal para dificultar o trânsito de eleitores nas eleições de 2022.
Segundo Gonet, os denunciados ocupavam posições estratégicas no governo federal e em órgãos de segurança e, por isso, contribuíram de forma decisiva para a tentativa de golpe. Ele destacou que a denúncia foi construída com a individualização das condutas de cada acusado e baseada em provas e indícios compatíveis com os requisitos legais.
A PGR apontou a prática de cinco crimes:
Organização criminosa armada (pena de 3 a 8 anos);
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos);
Golpe de Estado (4 a 12 anos);
Dano qualificado pela violência e grave ameaça (6 meses a 3 anos);
Deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos).
Somadas, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.
A sessão da Primeira Turma do STF começou com a leitura do relatório e a sustentação oral do procurador-geral. Em seguida, os advogados dos seis acusados apresentarão suas defesas.
O relator do caso é o ministro Alexandre de Moraes, que integra a Primeira Turma, também composta por Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino.
Em março, o STF já havia aceitado, por unanimidade, a denúncia contra o chamado Núcleo 1, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete investigados. Três outras denúncias ainda aguardam julgamento pela Corte.