A pecuária leiteira segue como uma das principais atividades econômicas do sertão nordestino, mesmo diante do avanço de outras cadeias produtivas, como a carcinicultura e a fruticultura. No Ceará, o setor se destaca com uma produção anual de 1,12 bilhão de litros de leite, colocando o estado como o 10º maior produtor do Brasil, segundo o IBGE.
A região jaguaribana abriga a segunda maior cidade produtora de leite do Nordeste: Morada Nova, que registrou uma produção de mais de 107 milhões de litros em 2023. Entretanto, em Banabuiú, no Sertão Central, a atividade leiteira segue sendo a principal fonte de sustento para muitas famílias, como a do pecuarista José de Arimateia Machado, da localidade de Aroeiras.
Tradição e modernização na produção
Criado em uma família de pecuaristas, José de Arimateia herdou o ofício de seus ancestrais e vem modernizando sua fazenda com o uso de novas tecnologias. Atualmente, ele conta com 32 vacas, sendo 16 em fase de lactação, garantindo uma produção diária de aproximadamente 350 litros de leite. Esse aumento na produção foi impulsionado pela Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), do Senar Ceará, que trouxe aprimoramentos como a implementação de um calendário sanitário, melhoria na higienização das tetas e ordenhadores, e a adoção de um aplicativo para monitoramento produtivo.
“Quando eu comecei não tinha nada dessa tecnologia. Era tudo na base da experiência mesmo. Depois da chegada do pessoal do Senar as coisas melhoraram muito”, destacou o pecuarista.
Além disso, a aquisição de equipamentos como plantadeira, adubadeira, forrageira e trator permitiu triplicar a área cultivada para a produção de silagem, garantindo uma alimentação adequada para o gado e mantendo a produção de leite em níveis sustentáveis.
Cooperativismo fortalece produtores
A organização dos produtores em cooperativas tem sido um fator essencial para o crescimento da pecuária leiteira na região. Com o apoio do Senar-CE e o Certificado de Agricultura Familiar (CAF), nove produtores de Aroeiras formaram uma cooperativa e adquiriram um silo isotérmico para estocagem de leite. Esse investimento permitiu a participação no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Governo Federal, que garante a comercialização do produto.
Atualmente, a cooperativa produz cerca de 24 mil litros de leite por mês, totalizando quase 300 mil litros anuais. Com um preço fixado em R$ 2,55 por litro pelo PAA, os nove produtores alcançam uma receita conjunta de aproximadamente R$ 765 mil por ano, o que representa uma média mensal de R$ 7 mil para cada um.
Inovação e tradição lado a lado
Apesar da modernização, a experiência acumulada por gerações ainda é um diferencial na atividade leiteira. O conhecimento transmitido de pais para filhos continua sendo fundamental para o manejo adequado dos animais e a manutenção da produtividade.
Programas de assistência técnica, aliados à organização cooperativista, têm se mostrado essenciais para garantir a sustentabilidade da pecuária leiteira, proporcionando melhores condições de trabalho e qualidade de vida para os produtores do Sertão Central.
Você pode acompanhar a íntegra dessa reportagem na edição do Agro na Band do último sábado. https://www.youtube.com/watch?v=6rBqo7hiVTM&t=196s