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O ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica faleceu nesta terça-feira (13) aos 89 anos, em Montevidéu. A morte do político, símbolo da esquerda latino-americana, foi confirmada pelo atual presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, que prestou homenagem ao líder: “Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que você nos deu”.
Mujica estava sob cuidados paliativos, após desistir do tratamento contra um câncer de esôfago que havia se espalhado pelo corpo. Diagnosticado também com uma doença autoimune, o ex-presidente optou por não seguir com intervenções médicas após 32 sessões de radioterapia.
Figura histórica da política uruguaia e mundial, Mujica governou o Uruguai entre 2010 e 2015, após ter sido senador e ex-guerrilheiro do grupo Tupamaros. Preso por quase 15 anos durante a ditadura militar uruguaia, passou sete anos em solitária, onde suportou a reclusão com resiliência e simplicidade — características que o acompanhariam por toda a vida.
A sua imagem pública era marcada pela austeridade e pelo exemplo. Durante o mandato, doou cerca de 90% do seu salário presidencial a instituições sociais, viveu em um sítio humilde em Rincón del Cerro e dirigia um Fusca azul 1982, que virou símbolo de sua rejeição ao luxo.
Durante sua presidência, legalizou o aborto e a maconha, além de implementar políticas sociais de destaque. Após deixar o cargo, foi senador novamente, e em 2020 se aposentou da vida pública com um abraço simbólico em Julio María Sanguinetti, ex-presidente e adversário político, afirmando: “Faz décadas que não cultivo o ódio”.
Mesmo fora da política, continuou influente. Lúcido até o fim, gravou uma mensagem de despedida em que disse estar “em paz” com sua trajetória: “O ciclo da minha vida acabou, mas me reproduzo na voz das meninas e dos meninos que continuarão a levantar as bandeiras pelas quais dediquei minha vida”.
Mujica deixou a esposa, Lucía Topolansky, ex-senadora e também ex-integrante da guerrilha. O casal não teve filhos, mas compartilhou décadas de luta e amor. Nos últimos anos, ele voltou a cultivar crisântemos em sua propriedade rural — flores que, como seu legado, continuam a florescer.