Poder
Poder
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, declarou em delação premiada à Polícia Federal (PF) que o ex-mandatário recebeu US$ 86 mil em dinheiro vivo pela venda de relógios e joias pertencentes ao acervo presidencial. Os itens foram recebidos por Bolsonaro como presentes de autoridades estrangeiras.
Segundo Cid, ele próprio entregou US$ 18 mil ao ex-presidente em 2022, após vender um kit de joias da marca Chopard presenteado pela Arábia Saudita em 2019. A venda ocorreu em Miami, nos Estados Unidos.
Os outros US$ 68 mil foram repassados a Bolsonaro de forma fracionada, em espécie, por intermédio do general Mauro Cesar de Lourena Cid, pai do tenente-coronel, que morava nos EUA. Esse valor corresponde à venda de dois relógios de luxo: um Rolex e um Patek Philippe.
Venda e repasses fracionados
Cid afirmou que os valores não foram registrados e que apenas descontou custos com passagens aéreas e aluguel de veículo. Ele relatou que a venda dos relógios foi realizada na loja Precision Watches, na Pensilvânia, onde recebeu os US$ 68 mil, que foram depositados na conta de seu pai. Os demais itens do kit ouro branco foram vendidos no Seybold Jewelry Building, uma galeria especializada em joias em Miami.
De acordo com a delação, Bolsonaro instruiu Cid a identificar quais itens do acervo poderiam ser vendidos mais facilmente. O Patek Philippe teria sido entregue pessoalmente pelo ex-presidente ao tenente-coronel para que fosse comercializado.
Investigação e indiciamento
Mauro Cid disse acreditar que os itens vendidos faziam parte do acervo pessoal de Bolsonaro, justificativa que teria recebido do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência.
A PF indiciou Bolsonaro, Cid e outros 11 investigados por peculato, crime que envolve a apropriação de bens públicos para uso pessoal. A defesa do ex-presidente nega qualquer irregularidade.
A delação premiada de Cid teve o sigilo levantado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (19), um dia após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar Bolsonaro e 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.