O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, nesta quarta-feira (5), que o Brasil adotará o princípio da reciprocidade caso o governo norte-americano imponha tarifas sobre produtos brasileiros. Em entrevista a rádios de Minas Gerais, Lula afirmou que não há justificativa para a taxação, já que o país possui déficit comercial com os EUA, e defendeu que qualquer aumento de tarifas será respondido na mesma proporção.

O presidente norte-americano, Donald Trump, vem sinalizando a ampliação de tarifas para países com superávit comercial, como China, México e Canadá. Apesar de o Brasil apresentar um déficit, especialistas apontam que a economia brasileira pode sentir reflexos indiretos da disputa comercial. Lula reforçou que a Organização Mundial do Comércio (OMC) permite taxação de até 35% para produtos importados e destacou que a melhor solução seria a redução mútua das tarifas entre os países.

Durante a entrevista, o presidente brasileiro também comentou as declarações recentes de Trump e alertou para a necessidade de cautela diante de suas falas. Lula destacou que é importante priorizar temas sérios nas relações internacionais e que a diplomacia deve prevalecer para evitar tensões comerciais e políticas.

Recepção de brasileiros deportados dos EUA

O presidente também abordou a situação dos brasileiros deportados dos Estados Unidos, confirmando que o governo federal está se preparando para receber um novo voo com repatriados nesta sexta-feira (7), em Fortaleza. Lula ressaltou que o Brasil tratará os deportados com dignidade e que ações coordenadas entre o Itamaraty, Polícia Federal e Ministérios da Justiça e Direitos Humanos estão sendo implementadas para garantir assistência adequada a esses cidadãos.

O presidente destacou que, no caso do voo que desembarcou em Manaus no último dia 24 de janeiro, a Polícia Federal interveio após relatos de maus-tratos, garantindo que os passageiros não desembarcassem algemados. Lula classificou os deportados como brasileiros em busca de melhores oportunidades e reiterou que o governo tratará a situação como repatriação, e não deportação, assegurando que os cidadãos recebam atendimento médico e suporte para retornar aos seus estados de origem.

O Brasil tem permitido voos de repatriação desde 2018, como alternativa para reduzir o tempo de permanência de brasileiros detidos nos EUA por imigração irregular. Com a posse de Trump, em janeiro deste ano, o governo norte-americano tem reforçado a política de deportações. Lula enfatizou que, uma vez em território brasileiro, as regras locais devem ser respeitadas, garantindo que os repatriados sejam tratados com dignidade e respeito.