Economia
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A produção industrial brasileira registrou crescimento de 3,1% em 2024, conforme dados divulgados nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado anual é o terceiro melhor dos últimos 15 anos, ficando atrás apenas dos avanços registrados em 2010 (10,2%) e 2021 (3,9%). O desempenho foi impulsionado pelo aumento do emprego e da renda, além do acesso ao crédito e estímulos fiscais ao consumo.
Mesmo com o crescimento no acumulado do ano, a indústria encerrou 2024 com três meses seguidos de queda. Em dezembro, o setor registrou retração de 0,3%, após quedas de 0,2% em outubro e 0,7% em novembro. Apesar disso, a produção ficou 1,6% acima do registrado no mesmo período de 2023.
Com esse desempenho, a indústria nacional se encontra 1,3% acima do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, mas 15,6% abaixo do pico histórico, registrado em maio de 2011. O nível atual da produção equivale ao observado em dezembro de 2009.
Fatores que impulsionaram o crescimento
O gerente da pesquisa, André Macedo, destaca que a expansão industrial foi disseminada entre diferentes segmentos. Das quatro grandes categorias econômicas – bens de capital, intermediários, duráveis e gerais –, todas tiveram desempenho positivo, assim como 20 dos 25 ramos industriais pesquisados.
A recuperação do setor foi influenciada por fatores como redução do desemprego, maior renda disponível para as famílias e melhores condições de consumo. O país encerrou 2024 com uma taxa média de desemprego de 6,6%, o menor nível da série histórica do IBGE.
O avanço da massa salarial, o crescimento da concessão de crédito e os estímulos fiscais foram determinantes para o desempenho positivo da indústria no ano passado.
Desaceleração no último trimestre
Apesar do crescimento anual expressivo, o último trimestre de 2024 apresentou desaceleração, com uma queda acumulada de 1,2% entre outubro e dezembro. Esse movimento negativo não era observado desde o período de fevereiro a abril de 2021, quando houve retração de 5,3%.
Na comparação entre o quarto e o terceiro trimestre, a indústria recuou 0,1%, interrompendo uma sequência de trimestres positivos desde o terceiro trimestre de 2023. Segundo o IBGE, a perda de ritmo se deve à redução dos níveis de confiança de empresários e consumidores, influenciada pela alta dos juros e do dólar, além do aumento da inflação.
Impacto do cenário econômico
O enfraquecimento da indústria no final do ano foi resultado, em grande parte, da política monetária adotada pelo Banco Central. Em setembro de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) deu início a um ciclo de alta da taxa Selic, que passou de 10,5% ao ano para 13,25%, com o objetivo de conter a inflação.
A elevação dos juros encareceu o crédito, afetando tanto o consumo das famílias quanto os investimentos das empresas. Além disso, a inflação fechou o ano em 4,83%, acima do limite da meta de 4,5%, e o dólar valorizou-se 27% em 2024, encerrando o ano a R$ 6,18, o que encareceu os custos de produção e importação.