Ceará
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A Universidade Regional do Cariri (URCA) apresentou oficialmente, nesta segunda-feira (13), o holótipo fóssil Mesoproctus rowlandi, uma peça de mais de 100 milhões de anos repatriada da Irlanda do Norte. O material, entregue recentemente à universidade em solenidade no Chile, passou a integrar o acervo do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, localizado em Santana do Cariri.
A exibição pública teve início na sede do Geopark Araripe, em Crato, e segue nesta terça-feira (14) para Santana do Cariri, onde o fóssil ficará permanentemente exposto.
A repatriação foi resultado de uma ação coordenada entre o Ministério das Relações Exteriores, o Museu de Paleontologia da URCA, o Geopark Araripe, e a Procuradoria-Geral da República, com apoio do Serviço Geológico do Reino Unido, do Geopark Mundial da UNESCO Cuilcagh Lakelands e do Governo do Ceará.
Durante a solenidade, estiveram presentes representantes institucionais, pesquisadores, professores, alunos e autoridades locais, como a vice-prefeita de Santana do Cariri, Bibiana Sampaio, o secretário de Turismo do Crato, Antonio Morais, e a vice-reitora da URCA, professora Socorro Vieira.
O reitor Carlos Kleber de Oliveira destacou o empenho da equipe técnica e a importância científica da conquista. “Esse processo revela o compromisso dos nossos pesquisadores em identificar e comprovar a origem dos fósseis retirados indevidamente do Ceará. É um trabalho de rigor científico reconhecido mundialmente”, afirmou.
O geólogo Artur Sá, presidente da Rede Mundial de Geoparques da UNESCO, participou virtualmente do evento e ressaltou o impacto global da iniciativa. “As repatriações realizadas tornam o território do Araripe um exemplo mundial. Esses fósseis são essenciais para compreender a história da Terra”, destacou.
O fóssil Mesoproctus rowlandi, descrito pela primeira vez em 1998, é um holótipo — ou seja, o exemplar de referência usado para definir e nomear uma nova espécie. Proveniente da Formação Crato, o material representa um grupo raríssimo no registro fóssil, com apenas 12 espécies descritas e pouco mais de 120 viventes conhecidas atualmente.
O fóssil estava desde 1996 no Museu de Ulster, na Irlanda do Norte, e retorna agora ao Brasil protegido pela legislação nacional e pela Convenção da UNESCO que proíbe a exportação e comercialização ilícita de bens culturais.
O Ceará tem se destacado no cenário internacional com ações de repatriação científica, fortalecendo o papel da URCA e de suas instituições parceiras na preservação do patrimônio geológico e paleontológico brasileiro.
Em uma iniciativa recente, o Museu de Paleontologia cedeu 50 fósseis repatriados da França ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro — parte da maior repatriação já registrada no país, com 998 peças e 2,5 toneladas de material.