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Fortaleza experimenta avanços no tratamento de esgoto em um cenário ainda desafiador

O tratamento e o destino adequado das águas residuais domésticas são fundamentais para a preservação do meio ambiente e a saúde pública.
Amiental Ceará observa os avanços e desafios da ampliação dessa rede e no tratamento do esgoto na capital cearense. (Foto: Divulgação)

O tratamento e o destino correto das águas residuais domésticas são desafios globais que impactam diretamente a saúde pública e a preservação ambiental. Em Fortaleza, a realidade não é diferente. Com 70% da cidade coberta pela rede de esgotamento sanitário, a capital cearense caminha para universalizar o serviço, enfrentando obstáculos e investindo em tecnologia para melhorar a qualidade de vida dos seus moradores e proteger os recursos naturais.

Dona Liberata, moradora do bairro Granja Lisboa, vive hoje uma realidade bem diferente da que enfrentava anos atrás em seu antigo endereço no Montese. “Quando eu morava no Montese, a fossa era um problema constante. Tínhamos que pagar para limpar, era muito difícil”, relembra. No condomínio onde reside atualmente, com 168 apartamentos, a implementação de um sistema moderno de esgotamento sanitário mudou completamente sua rotina.

“É a nossa casa, né. A gente tem que cuidar e respeitar o meio ambiente, querendo ou não. A natureza também precisa da nossa ajuda”, pontua Dona Liberata.

Essa transformação vivida por ela reflete os esforços da cidade em ampliar a cobertura de saneamento básico. Em Fortaleza, o esgoto de cada residência percorre um caminho complexo até chegar às estações de tratamento. Lá, o processo é monitorado em tempo real, utilizando sensores que permitem prevenir problemas antes que aconteçam. “Quando uma pessoa não tem acesso à rede de esgoto, há o risco de doenças, de poluição do solo e até de contaminação na própria casa”, explica Adriana Cardoso, coordenadora de Eficiência e Tecnologia da Ambiental Ceará.

Tecnologia como aliada
Desde 2023, a Capital e outros 23 municípios do estado contam com cerca de 300 ativos monitorados por sensores avançados. Esses dispositivos são instalados em estações de tratamento, elevatórias de esgoto e poços de visita, sinalizando riscos de extravasamento e permitindo uma ação remota das equipes. “Esses sensores permitem que acionemos equipes de forma remota e prevenimos problemas antes que aconteçam”, destaca Adriana.

Essa infraestrutura tecnológica é parte de um plano audacioso da Ambiental Ceará, que pretende alcançar 90% de cobertura até 2033. Para atingir esse objetivo, serão implantados 2.500 km de novas redes coletoras, 18 novas estações de tratamento e 159 estações elevatórias. O investimento total previsto é de R$ 2,68 bilhões, sendo R$ 1 bilhão destinado aos primeiros cinco anos do contrato.

O ciclo do tratamento
O processo de tratamento do esgoto em Fortaleza é complexo e estratégico. Na Estação de Pré-Condicionamento de Esgoto do bairro Moura Brasil, por exemplo, aproximadamente 3 mil litros de esgoto são tratados por segundo. A primeira etapa do tratamento envolve a remoção de resíduos sólidos, como plásticos, por meio de um sistema de gradeamento mecanizado. Esses resíduos são destinados a aterros sanitários. “É importante lembrar que o lixo não deve ser descartado no esgoto, pois ele compromete todo o processo de tratamento”, alerta Walberto Wanderley, coordenador de operações.

Após passar por diversas etapas de purificação, o esgoto tratado segue por tubulações subterrâneas até uma torre de equilíbrio. De lá, é lançado no mar por meio de uma tubulação marítima de 3.000 metros.

“Realizamos testes constantes para monitorar a qualidade da água do mar e garantir que o esgoto tratado esteja em conformidade com os padrões ambientais”, explica Walberto.

Além dos avanços tecnológicos e do planejamento, um dos grandes desafios é conscientizar a população sobre a importância do uso adequado do sistema de esgotamento sanitário. Adriana Cardoso reforça a necessidade de colaboração da sociedade: “É simples solicitar a ligação à rede de esgoto através da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará (Cagece), nossa parceira nesse processo”.

“Precisamos da colaboração de todos para garantir um ambiente mais limpo e saudável para as futuras gerações”, ressalta Adriana Cardoso

Outro desafio é a percepção de que o saneamento básico vai além da infraestrutura: trata-se de um serviço essencial para a saúde pública e para a sustentabilidade ambiental. Sem ele, doenças, degradação ambiental e impactos econômicos tornam-se inevitáveis.

Investimentos para o futuro
O plano para ampliar o saneamento em Fortaleza não é apenas uma meta técnica ou econômica, mas uma iniciativa que visa transformar a relação da cidade com seus recursos naturais e sua população. A meta de alcançar 90% de cobertura em menos de uma década reforça o compromisso da cidade com o futuro. Mais do que um avanço, é um passo essencial para uma vida mais digna, saudável e sustentável.

Com a união de tecnologia, investimentos bilionários e o engajamento da população, Fortaleza avança para universalizar o esgotamento sanitário. Dona Liberata é apenas uma das vozes que mostram como a mudança já faz diferença na vida dos moradores. E, assim como ela, Fortaleza caminha para se tornar uma referência em saneamento no Brasil. “A natureza também precisa da nossa ajuda”, relembra a moradora, refletindo o espírito de cuidado que deve guiar o progresso da cidade.

 

> Com informações de Adriana Dias.

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