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Estudo da Sesa sobre o vírus Oropouche liderado é publicado em revista internacional

Pesquisa realizada no Ceará identifica caso raro de transmissão de mãe para feto e destaca avanço na vigilância epidemiológica.
A pesquisa foi publicada na “New England Journal of Medicine”. (Foto: Thamires Oliveira)

Uma pesquisa liderada pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) foi publicada na renomada revista “New England Journal of Medicine”, destacando um caso de transmissão vertical do vírus Oropouche no Brasil. Intitulado “A Case of Vertical Transmission of Oropouche Virus in Brazil”, o estudo foi conduzido em colaboração com diversas instituições brasileiras e já está disponível on-line.

A transmissão vertical ocorre quando uma infecção é passada da mãe para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação. Segundo Carlos Garcia, epidemiologista e coordenador da Célula de Vigilância e Prevenção de Doenças Transmissíveis e Não Transmissíveis (Cevep) da Sesa, a investigação começou após a equipe de Epidemiologia identificar uma gestante que sofreu perda fetal, cuja causa foi confirmada pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará) por meio de uma necropsia minimamente invasiva realizada pelo Serviço de Verificação de Óbito Dr. Rocha Furtado.

O estudo teve o envolvimento de profissionais e técnicos da Sesa, além da colaboração de instituições como o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Universidade de Fortaleza (Unifor), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Faculdade São Leopoldo Mandic. A equipe da Fiocruz foi responsável pelo sequenciamento genético do vírus detectado nas amostras fetais, incluindo líquido cefalorraquidiano, cérebro e placenta.

Carlos Garcia explica que a infecção foi confirmada na mãe através de testes moleculares que descartaram outras arboviroses, como dengue, Zika e chikungunya. A transmissão vertical foi detectada ao identificar o material genético do vírus Oropouche em diversas amostras fetais, comprovando a infecção tanto na mãe quanto no feto.

Luciano Pamplona, superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) e biólogo epidemiologista, destacou a importância da técnica de autópsia minimamente invasiva, utilizada no estudo. “Essa técnica ampliou a capacidade de identificar novas doenças na vigilância local”, afirmou, ressaltando que foi inicialmente implementada para o estudo de dengue e hoje contribui para a confirmação de várias outras doenças.

A publicação do estudo em uma das revistas médicas mais influentes do mundo, segundo Pamplona, evidencia a qualidade dos serviços de saúde e da vigilância epidemiológica do Ceará. Para ele, a pesquisa representa um marco para a Sesa e suas parcerias com instituições locais, consolidando a capacidade do estado em liderar pesquisas inovadoras na área da saúde pública.

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