Economia
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Em meio ao cenário global de aversão ao risco, marcado por mais um dia de forte turbulência nas bolsas internacionais, as empresas cearenses listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) registraram desempenho misto nesta segunda-feira (7). O principal índice da Bolsa, o Ibovespa, recuou 1,31%, refletindo o clima de apreensão provocado pelo “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, que entrou em vigor no último sábado (5), e reacendeu temores de uma guerra comercial de grandes proporções.
A medida, anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, pressiona a economia global ao potencialmente elevar os custos de produção, reduzir o comércio internacional e inibir o consumo interno nos países envolvidos. Com isso, investidores ao redor do mundo reagem com cautela, temendo uma desaceleração econômica que pode resvalar em recessão. Bolsas asiáticas lideraram as perdas, com destaque para Hong Kong (-13,22%) e o índice CSI 1000, da China (-11,39%).
Apesar do pessimismo generalizado, algumas companhias cearenses conseguiram apresentar resultados positivos no pregão. A M. Dias Branco (MDIAS3) foi o destaque do dia, com alta de 2%, encerrando as negociações cotada a R$ 24. O bom desempenho pode estar relacionado à natureza defensiva do setor de alimentos, historicamente mais resiliente em momentos de instabilidade econômica.
Outra alta relevante foi registrada pela Pague Menos (PGMN3), que valorizou 0,95%, com os papéis fechando a R$ 3,20. O setor de varejo farmacêutico tende a manter alguma estabilidade, mesmo em cenários adversos, o que pode ter sustentado a demanda por ações da rede.
A Enel Ceará (COCE5) também teve dia positivo, subindo 0,82%, com os títulos negociados a R$ 24,57. Como empresa do setor elétrico, considerado mais seguro em momentos de volatilidade, a companhia surfou na busca de investidores por ativos menos expostos ao risco global.
Na contramão, a maior queda entre as cearenses foi da Aeris (AERI3), com recuo de 2,51%, fechando o dia a R$ 3,89. No início do pregão, os papéis chegaram a cair mais de 7%, acompanhando o temor sobre os impactos da guerra comercial nas cadeias globais de suprimentos e na demanda por energia renovável — setor onde a Aeris atua com produção de pás eólicas.
A Hapvida (HAPV3) também foi afetada pelo clima de insegurança nos mercados e recuou 1,9%, com ações cotadas a R$ 2,06. Já a Grendene (GRND3) teve leve queda de 0,36%, fechando a R$ 5,59, enquanto a Brisanet (BRST3) caiu 0,4%, cotada a R$ 2,49.
Apesar do tombo do Ibovespa e das perdas nas bolsas internacionais, o desempenho relativamente equilibrado das ações cearenses sugere uma certa resistência, especialmente de empresas ligadas a setores considerados essenciais ou menos suscetíveis à volatilidade externa. Ainda assim, a continuidade do estresse nos mercados globais poderá testar essa resiliência nos próximos dias.