Investidores evitam dólar em meio a incertezas políticas e econômicas

Estratégias no mercado de câmbio focam em moedas alternativas, deixando a moeda americana em segundo plano.

Da Redação
30/09/24 • 15h41

As incertezas devem durar até as eleições americanas. (Foto: Unsplash/ Colin Watts)

Diante de incertezas sobre as perspectivas para o dólar, investidores globais estão optando por estratégias que excluem a moeda americana de suas operações. A crescente volatilidade no mercado de câmbio tem levado a uma preferência por apostas em moedas como o franco suíço e o iene, além de pares cruzados como a libra contra o dólar neozelandês. Essa tendência reflete a dificuldade em prever os impactos da política monetária do Federal Reserve (Fed) e das eleições nos Estados Unidos sobre o dólar.

De acordo com Elsa Lignos, chefe global de estratégia de câmbio no RBC Capital Markets, “os investidores estão tentando ficar longe do dólar e assumir mais exposição a moedas cruzadas”, uma vez que a incerteza em torno das eleições torna difícil para os operadores formarem previsões seguras. O dólar, que geralmente está presente em 88% das negociações no mercado de câmbio, está perdendo terreno devido aos riscos associados às futuras decisões do Fed e ao cenário eleitoral dos EUA.

O posicionamento dos investidores em dólar é o mais neutro dos últimos dois anos e meio, segundo dados do State Street Global Markets. Bancos como Wells Fargo, RBC e State Street preferem adiar grandes apostas até o final do ano, à medida que a incerteza política persiste. Embora alguns fundos tenham aumentado suas apostas contra o dólar, o cenário é mais moderado em comparação com o início do mês.

Entre as principais recomendações, o RBC sugere a venda a descoberto do franco suíço para comprar iene, enquanto a Allspring aposta na queda do euro contra a coroa norueguesa. Lauren van Biljon, da Allspring, destaca que “o euro deve ficar mais fraco”, enquanto o dólar permanece uma aposta difícil devido à quantidade de variáveis em jogo.

Com a eleição americana ainda incerta e as pesquisas indicando uma disputa acirrada entre a vice-presidente Kamala Harris e Donald Trump, prever o impacto dessa votação no dólar é arriscado. Além disso, a trajetória da política monetária do Fed segue sendo um fator de incerteza, com o mercado aguardando novos dados de emprego, que serão divulgados na sexta-feira, para avaliar se o banco central americano fará mais uma redução de meio ponto percentual em novembro.

Estrategistas do JPMorgan, liderados por Meera Chandan, mantêm uma exposição moderada ao dólar, aguardando novos dados econômicos que forneçam mais clareza sobre a política de juros do Fed.