O cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, determinou que o padre Júlio Lancellotti interrompa a transmissão ao vivo de suas missas e suspenda suas atividades nas redes sociais. A decisão, que veio a público no último domingo (14), ocorre em um momento de forte pressão política sobre o religioso, conhecido por seu trabalho com a população em situação de rua.

Pressão política e obediência

O próprio padre Júlio anunciou o fim das transmissões durante sua última celebração ao vivo, o que gerou forte repercussão. Em nota e em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, ele confirmou que a orientação partiu de dom Odilo, que teria pedido que ele “desse um tempo” como forma de “recolhimento e proteção”. Questionado, o padre afirmou que sua postura é de obediência à Igreja.

A medida acontece após uma série de ataques de parlamentares e grupos de direita, como o MBL. Recentemente, o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) afirmou ter levado à Embaixada do Vaticano um abaixo-assinado com mais de mil assinaturas pedindo o afastamento do religioso.

Repercussão e futuro na paróquia

A Arquidiocese de São Paulo confirmou as informações à Band. Além da suspensão das atividades online, circulam rumores sobre uma possível remoção de Lancellotti da paróquia. O padre, no entanto, nega que isso tenha ocorrido até o momento.

Ele explicou que, pelas regras da Igreja, padres com mais de 75 anos podem ser transferidos ou aposentados. Lancellotti completará 77 anos no final de dezembro, mas lembrou que muitos religiosos seguem em atividade mesmo com idade avançada.