Poder
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A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quinta-feira (11) pela condenação de Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de integrar o chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado no Brasil, em 2022. Ela abriu a sessão com uma fala que destacou a gravidade do caso, citando o impacto do julgamento para o presente e o futuro democrático do país.
Em seu voto, a ministra afirmou que houve um plano progressivo e sistemático para abolir com violência o Estado Democrático de Direito, liderado pelo ex-presidente. Ela também apontou que o grupo formava uma organização criminosa, que utilizou milícias digitais para descredibilizar o sistema eleitoral e disseminar desinformação sobre as urnas eletrônicas.
Durante sua fala, Cármen Lúcia relembrou os 40 anos da redemocratização brasileira e destacou que os atos golpistas representaram o “grão maligno da antidemocracia”. Segundo a ministra, os eventos de 8 de janeiro de 2023 não foram acontecimentos isolados ou banais, mas parte de um projeto violento e estruturado para romper com a ordem constitucional.
Ela afirmou que “em nenhum lugar do mundo se tem imunidade contra o vírus do autoritarismo” e reforçou que a Justiça precisa dar uma resposta firme diante da tentativa de subversão do processo democrático.
Para Cármen Lúcia, a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) oferece provas cabais da tentativa de golpe. Ela descreveu o grupo como uma organização criminosa que buscava se manter no poder mesmo após a derrota nas urnas. A ministra citou o uso de estratégias coordenadas, como os planos Punhal Verde e Amarelo e a convocação dos Kids Pretos, para estimular a adesão de apoiadores aos atos antidemocráticos.
Além disso, rebateu os argumentos da defesa, que alegavam desconhecimento de alguns réus sobre o plano. “Em nenhuma organização todo mundo sabe de tudo. Aliás, se souber, talvez nem dê certo”, declarou a magistrada.