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O aumento da obesidade no Brasil trouxe novos desafios para o atendimento em emergências hospitalares. A Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) alertaram, em nota conjunta, para a necessidade urgente de adaptações na infraestrutura hospitalar e na capacitação de profissionais de saúde para atender pacientes obesos. A recomendação inclui o uso de macas reforçadas e o treinamento em técnicas de intubação e obtenção de acesso venoso.
De acordo com o Ministério da Saúde, 61,4% da população nas capitais brasileiras está com sobrepeso, enquanto 24,3% vivem com obesidade. Globalmente, a Federação Mundial de Obesidade estima que o número de adultos com sobrepeso ou obesidade poderá atingir 3,3 bilhões até 2035. As associações destacam que o crescimento dessa demanda não pode ocorrer sem a devida atenção à qualidade do atendimento.
A nota alerta que o excesso de tecido adiposo dificulta procedimentos clínicos essenciais, como exames físicos, palpação e ausculta, comprometendo a identificação de sinais clínicos críticos, especialmente em emergências. Esse atraso pode ser fatal em situações que exigem respostas imediatas, como a ressuscitação cardiopulmonar.
Além disso, procedimentos rotineiros, como a obtenção de acesso venoso e a intubação, se tornam mais complexos. Técnicas especializadas, como a posição rampada, são necessárias para facilitar a visualização das vias aéreas e melhorar a ventilação de pacientes obesos. Também há dificuldades na realização de exames de imagem, como ultrassonografias, radiografias e tomografias, que podem requerer múltiplas varreduras e aumentar o tempo de exposição à radiação.
A Abramede e a Abeso fazem diversas recomendações para melhorar o atendimento a pacientes obesos em emergências hospitalares, incluindo:
•Adequações estruturais, como o uso de macas reforçadas, cadeiras de rodas maiores e balanças de alta capacidade.
•Capacitação das equipes médicas, para que os profissionais possam realizar exames físicos adaptados à obesidade e utilizar corretamente os equipamentos.
•Combate ao estigma associado à obesidade, incentivando o uso de linguagem empática e adequada para evitar preconceitos que prejudiquem o atendimento.
As entidades também sugerem que programas de residência em medicina de emergência incluam treinamentos específicos sobre o atendimento a pacientes com obesidade. Propostas incluem a incorporação do peso do paciente nas informações de referenciamento para encaminhá-los a serviços adequados.
Por fim, a criação de protocolos clínicos padronizados e o combate à gordofobia são defendidos como medidas essenciais para garantir o atendimento humanizado e eficiente nas emergências.