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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nesta quarta-feira (4), a prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), após a parlamentar informar que deixou o país. Moraes também bloqueou os passaportes, incluindo o diplomático, e suspendeu o pagamento do salário e das verbas de gabinete da deputada, com os valores sendo redirecionados para o pagamento de multas relacionadas à sua condenação.
A medida ocorre um dia após a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitar ao STF a prisão da parlamentar. A PGR argumentou que a saída do país, comunicada por Zambelli em entrevista a um canal do YouTube, representaria tentativa de fuga. A deputada afirmou que viajou para a Europa para tratamento de saúde e que pediu licença do mandato, sem revelar o país onde está.
Zambelli foi condenada a dez anos de prisão por participação na invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), realizada em 2023. A Justiça determinou ainda o pagamento de R$ 2 milhões por danos coletivos. Segundo a acusação, ela foi a autora intelectual do crime, que envolveu a emissão fraudulenta de um mandado de prisão falso contra o próprio ministro Alexandre de Moraes. A execução do crime foi atribuída a Walter Delgatti, que confirmou ter agido a mando da deputada e também foi condenado.
Além deste caso, Zambelli responde a outro processo no STF por um episódio de outubro de 2022, quando foi flagrada sacando uma arma de fogo e perseguindo o jornalista Luan Araújo em São Paulo. O julgamento está parcialmente concluído, com seis votos pela condenação a cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto, mas segue suspenso por um pedido de vista do ministro Nunes Marques.
O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), protocolou nesta quarta-feira uma representação na PGR, solicitando providências adicionais, como a inclusão do nome de Zambelli no alerta da Interpol, bloqueio de bens e o início de procedimentos de extradição. Também pediu que o Ministério das Relações Exteriores revogue o passaporte diplomático da parlamentar.
Em meio às repercussões, o advogado Daniel Bialski, que representava a deputada, anunciou que está deixando a defesa, alegando “motivo de foro íntimo” e informando apenas ter sido comunicado por Zambelli sobre a viagem.