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Açude do Cedro e monólitos de Quixadá e Quixeramobim podem se tornar Patrimônio Mundial

Com programação até sexta-feira (29), Encontro Internacional de Direitos Culturais avança nos debates sobre as candidaturas.
O centenário Açude do Cedro, construído no leito do Rio Sitiá e entre os monólitos da região, foi a primeira grande obra hídrica brasileira. (Foto: Divulgação)

O Açude do Cedro e os Monólitos de Quixadá e Quixeramobim estão sendo debatidos como potenciais candidatos ao título de Patrimônio Mundial da Unesco durante o Encontro Internacional de Direitos Culturais, que acontece até sexta-feira (29) no sertão cearense. Após atividades em Fortaleza, o evento seguiu para Quixadá e Quixeramobim, promovendo discussões sobre o valor histórico e cultural desses bens.

Na manhã de quinta-feira (28), o encontro começou com uma visita técnica ao Açude do Cedro, considerado o primeiro grande projeto hídrico do Brasil, construído por ordem de Dom Pedro II em resposta à seca de 1877. Em seguida, o auditório da Casa de Saberes Cego Aderaldo, em Quixadá, foi palco de debates sobre o processo de candidatura do açude, que já figura em uma pré-lista da Unesco.

“Pesquisadores têm trabalhado há anos para fortalecer o pleito do Açude do Cedro ao título de Patrimônio Mundial. A relevância histórica da obra é enorme, representando um marco na engenharia hídrica e na luta contra os impactos das secas no Brasil”, destacou Humberto Cunha, professor da Universidade de Fortaleza (Unifor) e coordenador do evento.

Outro foco das discussões é a elaboração de um dossiê para incluir os Monólitos de Quixadá e Quixeramobim na lista de Patrimônios Mundiais, reforçando a importância cultural e natural desses bens.

O encontro contou ainda com a participação do professor italiano Tullio Scovazzi, que abordou “Aspectos críticos da interpretação e apresentação do patrimônio cultural”. A programação incluiu uma mesa-redonda com especialistas internacionais e locais sobre os critérios que tornam um bem digno de reconhecimento como patrimônio cultural da humanidade.

Na sexta-feira (29), o evento chega a Quixeramobim, onde o CEU das Artes Argemiro da Silva Coutinho será palco do debate “Poder local e patrimônio cultural”. A atividade reunirá a secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela, o arquiteto e compositor Fausto Nilo, autoridades locais e convidados internacionais, encerrando a programação do encontro com reflexões sobre o papel do poder local na preservação e valorização do patrimônio.

História
O Açude do Cedro, localizado em Quixadá, foi a primeira grande obra hídrica realizada pelo Governo Brasileiro, ordenada por D. Pedro II para mitigar os impactos da grande seca de 1877/1879. A construção, idealizada a partir de estudos do engenheiro Ernesto Antônio Lassance Cunha e confirmada pelo britânico Jules Jean Revy em 1880, começou oficialmente em 15 de novembro de 1890, após modificações no projeto original. Sob a coordenação final do engenheiro Bernardo Piquet Carneiro, a obra foi concluída em 1906, totalizando 25 anos de execução, com a participação significativa de mão de obra dos flagelados da seca.

Construído no leito do Rio Sitiá, o açude possui capacidade de 126 milhões de metros cúbicos e conta com quatro barragens: Principal, do Sul, da Lagoa do Forges e do Vertedouro, que barram as águas de vários riachos da região. Inspirado em monumentos romanos, o projeto utilizou materiais importados, como ferro da Inglaterra e cerâmica de Portugal.

Apesar do seu superdimensionamento em relação à bacia hidrográfica, o açude registrou apenas seis sangrias em sua história, com a primeira ocorrendo em 1924, devido a fatores como a construção de pequenos açudes a montante. Em contrapartida, secou completamente apenas em quatro ocasiões: 1930, 1932, 1950 e 1999.

Além de ser uma importante fonte hídrica para irrigação e abastecimento local, o Açude do Cedro oferece espaços para banho, pescaria e esportes náuticos. Sua integração com a Pedra da Galinha Choca forma a paisagem mais icônica de Quixadá, combinando valor histórico, turístico e cultural em um único cenário.

O evento
A 13ª edição do Encontro Internacional de Direitos Culturais inova ao unir o cosmopolitismo à valorização das práticas culturais locais. Este ano, pela primeira vez, o evento conta com a participação de intelectuais da Ásia e do Oriente Médio, ampliando o diálogo transcultural e proporcionando uma rica troca de conhecimentos entre especialistas das Américas, Europa e outras regiões.

O simpósio é realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional da Unifor, por meio do Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Culturais, com o apoio do Instituto Brasileiro de Direitos Culturais (IBDCult), Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Universidade de Lisboa. O evento tem o patrocínio do Governo do Estado do Ceará por meio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult).

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