Hoje muitas empresas vêm sofrendo com o fantasma da inadimplência por “N” fatores, como o elevado índice de desemprego, o descontrole financeiro dos seus clientes, a falta de planejamento financeiro destes, diminuição repentina da renda, atrasos nos salários etc. O Brasil fechou o ano de 2024 com 69,43 milhões de inadimplentes, este número representa 39,6% da população com idade entre 18 e 95 anos (SERASA). Esse elemento indesejado e pernicioso que ajuda a corroer o caixa das empresas pode ser em muito, amenizado pelo uso eficiente de uma boa política de análise de crédito, pois a inadimplência nasce no ato da abertura do limite para o seu cliente, e fazer uma boa leitura prévia do histórico desse cliente ajudará a entender melhor quanto você pode liberar de crédito para o mesmo.
Toda empresa gasta muita energia em cuidar de tudo para que seu serviço e/ou produto saia competitivo para o mercado: organiza quadro de funcionários, lutando arduamente para que todos estejam devidamente regularizados, integrados e felizes, procura investir em sistemas que os ajudem a controlar seus estoques e produção, tentam diariamente conquistar mais mercado, aguerridamente buscam entregar a melhor qualidade possível. Tudo isso é muito esforço para no final deixar seu lucro se esvair pelo buraco da inadimplência, e o pior é saber que tudo poderia ter sido amenizado se a empresa tivesse dedicado uma pouco mais de tempo e dinheiro, para em criar uma melhor rotina de avaliação de crédito de seus clientes.
Não há uma receita de bolo que se possa empregar e já sair uma política de crédito completamente eficaz. Apesar de não ser uma tarefa fácil de se executar, ela deve ser construída e precisamos sempre saber dosar os impactos das medidas protecionistas, pois qualquer exagero também pode afastar bons clientes.
Resolvi delinear aqui 5 pontos que podem ser utilizados em suas governanças para lhes apoiar a tratar melhor as suas liberações de crédito, reduzindo assim suas inadimplências. São eles:
1 – Faça um bom levantamento de informações sobre seu cliente
Procure informações com alguns fornecedores dele, veja o tempo de constituição da empresa e outras informações que possam denotar o seu histórico de compras.
2 – Faça uso dos 5 C´s do Crédito
2.1. Caráter: é um ponto muito subjetivo, porém você deve tentar perceber o real interesse que seu cliente tem em cumprir com o seu compromisso.
2.2. Capacidade: procure entender se o negócio do seu cliente apresenta condições financeiras de arcar com o compromisso. Essa avaliação exige que se colete algumas informações como faturamento, prazo médio de pagamento e recebimento, etc.
2.3. Capital: procure entender a saúde financeira do cliente. Verifique se há restrições e de que tipo são.
2.4. Condições: pondere sempre a situação macroeconômica do nosso país para verificar como está o comportamento do mercado daquele cliente.
2.5. Colateral: procure ver se o cliente tem outras atividades e perceba se ele realmente está dando atenção ao negócio da empresa.
3 – Construa um manual padronizado com as regras bem claras, treine sua equipe sobre todos os processos e se certifique que será usado em todas as filiais, caso as possua.
4 – Parta para a implementação da sua política de crédito
De posse do manual e do uso dos 5 C´s do crédito, comece a implementar por algum tempo e assim você irá formar uma base de informações de seus clientes. Quanto mais informações você tiver em sua base, mais eficaz será sua política de crédito.
5 – Faça uma análise dos resultados obtidos e corrija o rumo se necessário
Agora que já teremos uma base de dados mais consistentes, conforme o item 4, podemos avaliar os resultados que obtivemos e criar comparativos para entendermos o que deve ser corrigido em nossa política de crédito. Percebam que o processo não é estanque, ele vai se aperfeiçoando na medida que enxergamos os resultados.
Acredito que essas informações os ajudarão a estruturar suas políticas de crédito.