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Ceará fecha 2025 com 40% de água, mas vive abismo hídrico entre regiões

Enquanto o norte do estado tem reservatórios com mais de 50% da capacidade, bacias como os Sertões de Crateús amargam apenas 10%.
Situação hídrica Ceará
O número esconde um cenário de profunda desigualdade: enquanto algumas bacias estão seguras, outras operam em nível crítico. (Foto: Cássio Sales)

O Ceará encerra o ano de 2025 com 40,64% de sua capacidade total de armazenamento de água, o que equivale a um volume acumulado de 18,4 bilhões de metros cúbicos. Os dados, divulgados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), pintam um quadro de aparente estabilidade, mas escondem um desafio histórico do estado: um profundo abismo hídrico entre suas diferentes regiões.

Atualmente, 37 açudes monitorados operam com volumes abaixo de 30%, um sinal de alerta para muitas comunidades. Em contrapartida, apenas dois reservatórios registram níveis superiores a 90%, evidenciando a concentração da água.

O mapa da desigualdade hídrica

A distribuição de água pelo território cearense é visivelmente desigual. As bacias hidrográficas localizadas mais ao norte do estado, como Coreaú, Litoral, Curu e Acaraú, apresentam uma situação confortável, com volumes acumulados acima de 50%.

O cenário é drasticamente diferente em outras áreas. As bacias do Médio Jaguaribe, Banabuiú e, principalmente, dos Sertões de Crateús, enfrentam níveis críticos. Esta última registra o quadro mais grave, com apenas 10% de sua capacidade total.

“O Ceará possui realidades hídricas muito distintas. Por isso, o monitoramento constante e a análise individualizada de cada bacia são fundamentais para orientar a tomada de decisões e garantir o uso equilibrado da água”, afirmou Yuri Castro, diretor-presidente da Cogerh.

Obras estruturantes para conectar as águas

Para combater essa desigualdade histórica e fortalecer a segurança hídrica, o Governo do Ceará, por meio da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), aposta em um cinturão de obras de grande porte.

  • Cinturão das Águas do Ceará (CAC): Com 91% de execução e previsão de conclusão para junho de 2026, o CAC é a principal obra para integrar as águas do Rio São Francisco aos grandes reservatórios cearenses, como o Castanhão, permitindo que a água chegue às regiões mais necessitadas.
  • Malha d’Água: Este projeto foca em levar água tratada para sedes de distritos e localidades historicamente vulneráveis, reduzindo a dependência de carros-pipa.
  • Duplicação do Eixão das Águas: A obra visa ampliar a capacidade de transferência de água para a Região Metropolitana de Fortaleza e para o interior, garantindo maior segurança para o abastecimento, especialmente durante os períodos de estiagem.

Com essas iniciativas, o governo busca criar uma rede mais resiliente e interligada, capaz de mover a água de onde sobra para onde falta, equilibrando a balança e reduzindo os impactos da seca no estado.

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