Antes de querer mudar tudo à sua volta — o corpo, o trabalho, o relacionamento, a vida — olhe pra dentro. O que precisa ser arrumado aí dentro de você? A gente pede a Deus por novos começos, mas não cuida do espaço interno onde esses milagres vão habitar. É como querer receber flores novas num vaso rachado.
Ser fiel no pouco é cuidar do que já temos com amor e propósito, mesmo quando parece pequeno. É organizar o coração antes de querer um novo amor, é agradecer pelo que se tem antes de desejar mais, é ser constante nos pequenos passos antes de sonhar com grandes saltos.
Uma vez eu fiz um mural da vida extraordinária. Coloquei nele a figura de um carro novo que tanto queria. E todos os dias eu sentava na cama e olhava pra figura daquele carro que queria conquistar. Até que um dia eu olhei pro meu carro. Aquele que todos os dias me levava onde eu queria ir. Ele tava empoeirado, sujo, precisando trocar peças. Então eu pensei: como posso querer um carro zero, novo, automático, se mal consigo dar conta desse que já tá aqui comigo?
Da mesma forma é a vida. Quando desejamos mudar, melhorar, mas não nos preparamos para receber de Deus as mudanças que tanto pedimos. A fidelidade no pouco é o que nos treina para o muito. Quando você se compromete com sua própria cura, quando arruma a bagunça das emoções, quando perdoa, silencia e recomeça, algo começa a florescer. E é nesse solo fértil — limpo, leve e verdadeiro — que o novo de Deus acontece.
Então, primeiro, arrume-se por dentro.
É na capacidade de gerir bem o que temos em mãos que nos projetamos para o mundo como merecedores daquilo que não temos ainda.
Mas que queremos muito.