A adolescente Ana Irla, de 13 anos, foi a primeira paciente do Ceará a passar por uma cirurgia cardíaca com apoio da Teleorientação do Ato Cirúrgico (TAC). O procedimento aconteceu no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), com acompanhamento em tempo real de especialistas do Hcor, hospital de referência em cardiologia localizado em São Paulo. Essa conexão entre as equipes foi viabilizada pelo Proadi-SUS, programa do Ministério da Saúde que fortalece a inovação e a excelência no Sistema Único de Saúde.

Cirurgia com TAC corrigiu malformação e contou com suporte remoto

A cirurgia foi realizada para corrigir uma cardiopatia congênita conhecida como Comunicação Interatrial (CIA), detectada no início do ano. De acordo com a cardiologista pediatra Geni Medeiros, do Hias, a conexão com o Hcor foi essencial para garantir a segurança e qualidade da operação. Irla segue em recuperação e já apresenta evolução positiva, sendo monitorada pela equipe médica.

Segundo a especialista, essa cooperação demonstra o potencial transformador das tecnologias de telemedicina e reforça o avanço da cardiologia pediátrica no SUS. A jovem paciente afirmou estar otimista e planeja retomar os estudos e seguir carreira nas artes.

Projeto visa descentralizar o tratamento de cardiopatias congênitas

A iniciativa faz parte do projeto “Apoio ao Desenvolvimento de Centros de Atendimento a Cardiopatias Congênitas”, promovido pelo Ministério da Saúde em parceria com o Hcor. O objetivo é descentralizar o acesso a cirurgias cardíacas infantis por meio da capacitação técnica e da conexão com centros de excelência. Desde janeiro de 2025, o Hias passou a integrar a rede de 17 hospitais do Norte e Nordeste que contam com suporte técnico remoto.

O sistema TAC, desenvolvido pelo InovaInCor, permite o acompanhamento de cirurgias à distância por meio de videoconferência, óculos inteligentes e IoT. Dessa forma, casos complexos podem ser tratados em tempo real, ampliando a equidade no atendimento.

Tecnologia e formação para reduzir as filas no SUS

Conforme explicou a líder médica do Hcor, Ieda Jatene, o projeto permite ampliar o número de procedimentos em todo o país e reduzir as filas cirúrgicas, especialmente nas regiões mais afastadas. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou que a iniciativa representa uma “mudança de chave no SUS”, ao garantir acesso a cuidados especializados sem deslocamento.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, cerca de 1 a cada 100 bebês nascem com malformações cardíacas. A maior parte dessas doenças pode levar a complicações graves caso o diagnóstico e o tratamento não ocorram a tempo.