Ceará
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O Papa Francisco, que faleceu nesta segunda-feira (21), desempenhou um papel fundamental na renovação da fé no Ceará ao promover a reconciliação da Igreja Católica com Padre Cícero e ao autorizar o processo de beatificação da Menina Benigna, tornando-a a primeira beata do estado. Essas decisões reafirmaram a importância do catolicismo popular no Brasil e resgataram figuras de grande devoção para os fiéis nordestinos.
Em um gesto histórico, o Vaticano reabilitou Padre Cícero Romão Batista em 2015, encerrando um período de suspensão e controvérsias que marcaram sua trajetória dentro da Igreja. A decisão foi oficializada por meio de uma carta enviada pelo cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, ao bispo diocesano de Crato, Dom Fernando Panico. O documento destacou a relevância de Padre Cícero como evangelizador e seu impacto na espiritualidade da população nordestina.
Padre Cícero, nascido no Crato (CE), em 1844, dedicou sua vida à evangelização e ao atendimento dos mais necessitados. Apesar de sua suspensão e falecimento em 1934, a devoção popular manteve viva sua memória, especialmente em Juazeiro do Norte, que se tornou um dos principais centros de romaria do país. O reconhecimento do Vaticano em 2015 dissipou qualquer dúvida sobre sua relevância religiosa e abriu caminho para o processo de beatificação, autorizado em 2022.
O processo diocesano de beatificação de Padre Cícero já está em andamento, com comissões analisando seus escritos, qualidades e virtudes. Esse trabalho é essencial para que ele possa ser oficialmente reconhecido como santo pela Igreja Católica.
A beatificação da Menina Benigna
Outro marco para a fé no Ceará ocorreu em 2022, quando a adolescente Benigna Cardoso da Silva foi beatificada durante uma celebração que reuniu cerca de 60 mil pessoas no Crato. Conhecida como “Menina Benigna”, a jovem foi assassinada aos 13 anos em 1941, ao resistir a uma tentativa de estupro. Seu martírio a tornou um símbolo contra a violência à mulher e uma referência de fé na região do Cariri.
A beatificação, autorizada pelo Papa Francisco em 2019, antecede o processo de canonização, necessário para que Benigna seja oficialmente reconhecida como santa. Sua história ganhou grande repercussão e a tornou a primeira beata do Ceará e a quarta mártir do Brasil.
Nascida em 1928, em Santana do Cariri, Benigna enfrentou uma vida difícil desde cedo, ficando órfã e sendo adotada por uma família local. Aos 12 anos, passou a ser assediada por Raimundo Raul Alves Ribeiro, que planejou uma emboscada e a assassinou com golpes de facão após sua resistência. Desde então, a jovem se tornou conhecida como “heroína da castidade”, sendo venerada por católicos da região.
As decisões do Papa Francisco reforçam o papel do Ceará como um dos maiores polos de devoção católica do Brasil. Padre Cícero e a Menina Benigna representam a força da fé do povo nordestino e suas histórias continuam inspirando milhares de fiéis que, em romarias, buscam em suas trajetórias exemplos de espiritualidade e resistência.