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Horizonte celebra legado de Negro Cazuza e reforça políticas em prol de quilombos

Município promove educação quilombola e recebe reconhecimento estadual pelo compromisso com a igualdade racial.
A promoção da igualdade racial é uma das prioridades de Horizonte. (Foto: Divulgação)

O Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira (20), foi criado para refletir sobre a importância que os descendentes africanos representam para o nosso país. A data remete à morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, o maior da América Latina. Quilombos transformaram-se em símbolos de resistência diante da opressão.

Em Horizonte, não é diferente. No século XIX, Negro Cazuza foi um escravo que fugiu de seu destino e rumou da Barra do Ceará, Fortaleza, ao município de Pacajus, onde foi encontrado e torturado por três dias seguidos. Ao ser solto, foi acolhido pelos indígenas paiacus, que moravam na região. Ele se casou com uma mulher e, com o dote, comprou os terrenos que, posteriormente, se tornariam os quilombos de Alto Alegre e Base, dentro do território horizontino.

Segundo o Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Horizonte possui 2.282 quilombolas. Eles estão espalhados por todo o município, mas é na comunidade quilombola de Alto Alegre que se concentra o maior número, com uma estimativa de 400 famílias, que continuam com o legado de Negro Cazuza.

“O território quilombola de Alto Alegre resiste e segue firme, cuidando de cada um que pertence a esse lugar, oferecendo amorosidade e afetividade que potencializam cada pessoa que faz parte de um lugar lindo e cheio de saberes ancestrais”, destaca Tatiana Ramalho, gerente do Núcleo de Promoção da Política de Igualdade Racial (NUPPIR) de Horizonte e descendente de Cazuza.

O Núcleo é uma das medidas da Prefeitura de Horizonte em prol dos descendentes quilombolas. Além dele, são promovidas atividades intersetoriais de discussão e valorização da cultura e história da comunidade e incentivos a projetos dos próprios membros. “Esse reconhecimento não só reflete o firme compromisso com a igualdade racial, mas também reforça a dedicação em construir uma comunidade mais justa e inclusiva”, diz Ramalho.

Trabalho reconhecido

Em reconhecimento à atenção da Prefeitura com os descendentes quilombolas, Horizonte recebeu neste ano o Selo Município Sem Racismo, certificação pertencente à campanha Ceará sem Racismo, do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Igualdade Racial (Seir). A condecoração se deu como consequência do compromisso da cidade com a equidade racial e das ações implementadas para fortalecer e valorizar a população negra, as comunidades quilombolas, os povos de terreiro e os ciganos. “A obtenção do selo celebra nosso compromisso com a política de igualdade racial de forma intersetorial e qualifica ainda mais a educação para as relações étnico-raciais em Horizonte, colocando-nos como referência dessa pauta no estado”, ressalta Cássia.

No ano de 2005, a Comunidade Quilombola de Alto Alegre foi reconhecida pela Fundação Palmares, uma entidade ligada ao governo federal que cuida das políticas públicas para os povos quilombolas. A comunidade quilombola de Alto Alegre é uma das 50 comunidades quilombolas reconhecidas no Ceará. Esse reconhecimento trouxe vários benefícios para a comunidade de Alto Alegre. Desde então, a Associação dos Remanescentes Quilombolas de Alto Alegre (ARQUA), em parceria com diversas instâncias governamentais, desenvolve vários trabalhos junto à comunidade de Alto Alegre.

“A dedicação à garantia dos direitos e à valorização dos povos negros e da comunidade quilombola tem sido uma prioridade fundamental no município. Esse reconhecimento não só reflete o firme compromisso com a igualdade racial, mas também reforça a dedicação em construir uma comunidade mais justa e inclusiva”, pontua Ramalho.

O prefeito de Horizonte, Nezinho Farias, destaca a importância de a gestão estar diretamente envolvida na valorização da cultura horizontina. “É dever do município promover políticas que resgatem a nossa história. A comunidade quilombola é uma importante parte da nossa ancestralidade e deve receber todo o nosso cuidado”, afirma.

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